A pobreza na Escritura é profundamente distinta da miséria; enquanto esta é associada ao pecado, a pobreza é associada à humildade do coração, própria de quem se sente “necessitado” e, por isso, está aberto. O pobre conta com Deus, pede a Ele justiça, a Ele se entrega confiante sabendo de não poder contar sobre os próprios recursos e “riquezas”.
Tendo como exemplo a Mãe de Jesus e a sua humildade, os membros do Instituto devem desempenhar o próprio compromisso de evangelização e missão tendo como objetivo o serviço a esses “pobres” dos quais falam as Escrituras. Entre as inúmeras necessidades das quais padece o homem, é dada especial atenção a três situações: a “pobreza” de Jesus, a “pobreza” das pessoas que se apoiam na cultura do bem-estar e a “pobreza” de meios de subsistência ou que garantam a dignidade humana.
Pobreza de Jesus
O Evangelho narra um momento de grande significado que permite ao discípulo de associar-se profundamente não apenas à missão de Jesus, mas também aos seus sentimentos mais íntimos. Assim, no horto, Ele disse aos discípulos: «“A minha alma está numa tristeza de morte; ficai aqui e vigiai comigo”» (Mt. 26,38). Desse modo Ele manifestava o sentimento próprio de quem se sente “necessitado”, o sentimento de um “pobre” necessitado do Pai e da presença dos seus discípulos. No momento em que o amor de Jesus se defronta com a recusa de alguns homens, Jesus se choca com o pecado. Este fere o homem em todas as suas relações gerando barreiras. O pecado faz perder a confiança para com Deus e com os outros, divide os homens entre si, destrói a harmonia e a paz. Jesus sofre por essa obra destruidora do mal.
Respondendo ao pedido que o Senhor fez aos seus, os consagrados procuram associar-se sempre mais aos sentimentos de Jesus e responder ao pedido de “permanecer com Ele”, contemplando a Sua presença na vida cotidiana, na oração de reparação e, de modo especial, na celebração da Eucaristia onde eles oferecem a si mesmos junto com a oferta de Jesus para reconstruir a unidade dilacerada pelo pecado.
Pobreza dos ricos
Existem muitas pobrezas do homem contemporâneo, pobrezas reais que não se identificam com a condição econômica de vida. São Pobrezas que destroem o homem na sua identidade e na sua raiz. Tais sintomas de “pobreza” se tornam sempre mais evidentes quando os valores religiosos e humanos são substituídos por paliativos que tentam esconder, com a busca de poder e prestigio, o profundo vazio existencial. Entre as tantas pobrezas da quais sofre o homem contemporâneo, sem dúvida a dificuldade de relações reais e comprometedoras, ocupa um lugar de destaque. A cultura contemporânea tende a isolar a pessoa humana num profundo individualismo que o fecha em si mesmo. O amor é vida, é abertura, é comunhão de coração.
A ação evangelizadora e missionária dos consagrados deve dirigir-se com esmero ao coração dessas pessoas, oferecendo valores, alternativas de vida, esperança concreta e, especialmente uma dimensão de vida que transmita o amor vivido em comunhão. Parafraseando o mandato missionário de Mt. 28,19 «Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo», os consagrados vivem como se ouvissem Jesus dizendo-lhes: “Tornai-vos missionários do amor de Deus, é a vossa vocação. Entender o Meu amor é a única coisa necessária ao mundo”.
Pobreza dos indigentes
A salvação que Jesus veio doar, não é apenas para algumas dimensões do homem. Ele veio para recuperar o homem inteiro, na sua dimensão espiritual corrompida pelo pecado e naquela material, afetada pelas consequências do pecado, assim, por exemplo a miséria, a injustiça, o abuso de poder, a degradação moral e alguns tipos de doenças...
A Igreja assumiu o grito de tantos povos e pessoas que vivem na indigência, oprimidos pelo egoismo e ganância de outros. Os consagrados não podem ficar indiferentes a esse grito; conforme o ambiente em que vivem, colaboram com inciativas específicas conforme as condições e possibilidades econômicas em que vivem, agindo através de obras sociais estruturadas e ações pontuais, em consonância com a Igreja local em que as comunidades são situadas.
Para os consagrados não existem prioridades no serviço aos “três pobres”; eles os servem com um único intento: «...venha o Teu Reino!».